A Rosca Scott, um exercÃcio atemporal para o desenvolvimento dos bÃceps, transcende gerações de entusiastas do mundo dos salões das academias. Este artigo se aprofunda nesse movimento icônico, revelando não apenas sua técnica precisa, mas também algumas variações que podem ser um tanto que mias eficazes para hipertrofia muscular.
Os efeitos da manipulação das variáveis de treinamento de resistência (RT) na resposta à hipertrofia muscular têm sido um foco contÃnuo de investigação, inclusive, abordamos esse mesmo tema no artigo sobre extensão de joelhos. E quando se trata do exercÃcio no banco Scott não seria diferente.
No inÃcio de uma ação concêntrica (INITIALROM), o comprimento do músculo é maior do que nos ângulos finais da ação (FINALROM). Lembra desses termos? Pois bem, veremos algumas evidências atuais sobre esse tipo treinamento nos próximos artigos. Para o quadrÃceps, os resultados mostraram maiores aumentos na área de secção transversa muscular (AST) nas regiões musculares distais do reto femoral e vasto lateral para o grupo que realizou a ADM INICIAL em comparação com a ADM FINAL. E se você não leu esse artigo que falamos sobre a extensão de joelhos, é só clicar.
Voltando ao assunto, várias investigações relataram maior estresse metabólico e liberação de IGF-1 após contrações realizadas em comprimentos musculares mais longos vs. mais curtos, e tem mostrado associação com o crescimento muscular. Este estudo que iremos apresentar teve como objetivo comparar as alterações de força dinâmica e hipertrofia muscular regional dos flexores do cotovelo em mulheres jovens após a realização do exercÃcio rosca direta durante oito semanas durante o treinamento em ADM INICIAL E ADM FINAL. A hipótese dos autores é que o protocolo ADM INICIAL provocaria maiores aumentos na força dinâmica e hipertrofia muscular distal do que o protocolo ADM FINAL.
O que os pesquisadores fizeram?
Foram recrutadas vinte e uma mulheres não treinadas e treinaram durante oito semanas, três vezes por semana, com quatro a cinco sessões de oito a dez repetições. Dois participantes desistiram por motivos pessoais; portanto, dezenove mulheres completaram o estudo. Foram obtidas medidas da área de secção transversa do bÃceps braquial a 50% e 70% da distância do acrômio ao epicôndilo lateral de cada úmero por meio de ultrassonografia. Deve-se notar que a hipertrofia muscular avaliada pela ultrassonografia modo B está altamente correlacionada com a ressonância magnética, que é considerada o padrão ouro para medir alterações na massa muscular.
Cada tentativa começou com o cotovelo totalmente estendido (0°) e o ângulo dos ombros (úmero e tronco) fixado em 45°. O halter foi entregue ao participante nesta posição inicial, que então realizou uma ação muscular concêntrica até 135° de flexão do cotovelo (antebraço perpendicular ao solo). A tentativa foi considerada bem-sucedida se o participante conseguisse realizar toda a amplitude de flexão do cotovelo (0° a 135°) sem auxÃlio de movimentos auxiliares. A carga do halter foi aumentada progressivamente (mÃnimo de 0,5 kg) até que o participante não conseguisse realizar a ação concêntrica de forma adequada.
E o protocolo ADM FINAL foi treinado de 68° a 135° de flexão do cotovelo.
Quais foram as conclusões do estudo?
Uma descoberta primária do nosso estudo foi que o treinamento na ADM INICIAL provocou maiores aumentos na área de secção transversa em 70% do comprimento do bÃceps braquial e no teste de 1RM do que o protocolo ADM FINAL. Esses resultados são consistentes com nossa hipótese inicial e fornecem evidências adicionais de que a manipulação da ADM impacta as adaptações musculares regionais em uma variedade de músculos e exercÃcios diferentes. Da mesma forma, (PEDROSA et al., 2022) apresentou maior crescimento muscular distal dos músculos reto femoral e vasto lateral, (SATO et al., 2021) demostraram que o treinamento de ADM INICIAL provocou maior hipertrofia distal do bÃceps braquial.
Esses resultados corroboram com os achados desse estudo, que sugerem que o treino em ADM INICIAL promove maior hipertrofia distal do bÃceps do que o treino em ADM FINAL, e uma resposta de hipertrofia semelhante entre as condições da região média em mulheres jovens e destreinadas.
Mas qual seria explicação para isso?
Embora especulativa, uma possÃvel explicação mecanicista para a resposta hipertrófica regional aumentada está relacionada à produção de maiores quantidades de estresse metabólico e à liberação do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) -1 ao treinar em comprimentos musculares mais longos em comparação com o treinamento em comprimentos musculares mais curtos, o que por sua vez pode conferir efeitos anabólicos. Assim, os autores hipotetizaram que o treinamento na ADM INICIAL promove uma resposta fisiológica aumentada na porção distal do músculo, levando a um maior aumento de proteÃna muscular nesta região. Pesquisas anteriores apoiam essas descobertas, no entanto, não foram feitas tentativas de explorar os mecanismos envolvidos, o que requer uma investigação mais aprofundada.
Como todo estudo, com esse não seria diferente...
Este estudo tem várias limitações que devem ser levadas em conta ao tentar tirar conclusões práticas. Primeiro, embora a realização de séries até a fadiga volitiva ajude a garantir que todos os indivÃduos recebam um estÃmulo hipertrófico comparável sua implementação influencia outras variáveis, como o número de repetições realizadas. Estudos futuros devem procurar estudar as adaptações musculares induzidas pela ADM com diferentes configurações das variáveis do TR. Segundo, os resultados são especÃficos para exercÃcios dinâmicos de flexão do cotovelo e, portanto, não podem necessariamente ser generalizados para outros exercÃcios ou grupos musculares. Terceiro, eles mediram a hipertrofia em apenas dois pontos ao longo do comprimento do bÃceps braquial; seria interessante analisar outras regiões ou mesmo o volume muscular para obter uma perspectiva mais robusta das alterações hipertróficas. Quinto, os resultados são especÃficos para mulheres jovens, saudáveis e sem formação e, portanto, não podem necessariamente ser generalizados a outras populações.
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Referência:
Pedrosa, G.F.; Simões, M.G.; Figueiredo, M.O.C.; Lacerda, L.T.; Schoenfeld, B.J.; Lima, F.V.; Chagas, M.H.; Diniz, R.C.R. Training in the Initial Range of Motion Promotes Greater Muscle Adaptations Than at Final in the Arm Curl. Sports 2023, 11, 39. https://doi.org/10.3390/sports11020039
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