Será que Existe uma Superioridade da Elevação Pélvica quando Comparado com Agachamento Livre na Hipertrofia?

A busca pela potencialização na busca de uma maior hipertrofia muscular é uma constante entre praticantes de musculação, desse modo variações de exercícios são inventadas ou até mesmo é colocado na cabeça das pessoas, se existe exercício melhor ou não para hipertrofiar mais aquela determinada musculatura, levantando questões sobre a eficácia de diferentes exercícios. Dois exercícios que são campeões nessa tal "disputa" é a comparação entre a elevação pélvica e o agachamento livre, ambos conhecidos por seu potencial de recrutamento muscular.

Ademais, a elevação pélvica, ou hip thrust, tem ganhado popularidade devido ao seu foco direcionado nos músculos glúteos e posteriores da coxa. Mas o que as evidências têm nos mostrado no que diz respeito a hipertrofia? Estudos recentes indicam que, ao realizar a elevação pélvica, há uma ativação muscular significativa nessas regiões, contribuindo para o desenvolvimento da musculatura do quadril. Convém lembrar ainda que, maior ativação muscular não avalia o aumento da fibra muscular, sei que é meio clichê falar sobre isso, mas sempre gera dúvidas nas pessoas. 

O estudo que iremos trazer hoje para vocês responde justamente essas questões e se você ainda tem essa dúvida, você veio no lugar, mas lembre-se sempre a ciência é cíclica e sempre é importante verificar outros artigos com a mesma perspectiva. Tudo bem? 

Bom, esse estudo foi publicado em julho de 2023 que tem por título "O treinamento de impulso do quadril e agachamento nas costas provoca hipertrofia semelhante do músculo glúteo e transferência semelhante ao levantamento terra." Uma observação importante que devemos levar em consideração é que o artigo é uma pré-impressão e ainda não foi revisado por pares por um periódico.

Como eles fizeram o estudo?

Os autores avaliaram a hipertrofia do glúteo (máx/méd e min), quadríceps, adutor magno e posteriores de coxa, no agachamento livre e a elevação pélvica, dentre outros desfechos. Trinta e quatro(34) estiveram no estudo e eram jovens não treinados em idade universitária, e foram randomizados em grupos. Dezoito fizeram parte do grupo Elevação Pélvica(HT) e dezesseis o grupo de Agachamento Livre(SQ). A eletromiografia de superfície (EMG) foi utilizada para obter a ativação muscular durante a primeira sessão de treinamento dos músculos glúteo máximo e médio direito. Os participantes completaram nove semanas de treinamento supervisionado (15 a 17 sessões) indo duas vezes na semana atingindo de 6-12 repetições com progressão gradual, antes e depois das quais avaliaram a área de secção transversal muscular (mCSA) de ambos os glúteos máximos por meio de ressonância magnética (o que é padrão ouro) e força por meio de teste de três repetições máximas (3RM) e um teste isométrico de impulso na parede. 

E quais foram os desfechos do estudo?

Eles compararam de forma aguda através da eletromiografia e longitudinalmente a hipertrofia. Vamos deixar de lado a questão aguda já que não olharemos os desfechos de ativação muscular, mas sim, podemos dizer que todos os resultados de hipertrofia do músculo glúteo, o agachamento livre e a elevação pélvica produziram diferenças modestas, mas ocorreu um crescimento significativo, exceto no glúteo médio e mínimo. Os resultados de hipertrofia da coxa favoreceram no agachamento livre, nos adutores e quadríceps, sem crescimento significativo em nenhum dos grupos nos isquiotibiais após nove semanas de intervenção. O que isto pode parecer contrário às evidências recentes que sugerem que a tensão muscular em posições alongadas aumenta o crescimento, uma vez que a região de aderência para o agachamento ocorre em maior flexão do quadril em comparação com a elevação pélvica. 

Contudo, os resultados sugerem que um programa de treinamento de nove semanas com conjunto de elevação pélvica ou agachamento provoca hipertrofia muscular glútea semelhante em praticantes novatos.

Finalmente, os dados apresentaram que a hipertrofia da coxa favoreceu o agachamento, enquanto a hipertrofia da coxa foi mínima na elevação pélvica. Isto talvez não seja surpreendente e é consistente com a literatura anterior. Os adutores, particularmente o adutor magno, teve uma maior contribuição de momento de extensão na parte inferior de um agachamento. 

Dessa forma, não estamos aqui para dizer quem é melhor ou pior, longe disso, uma coisa que podemos garantir é a honestidade com os resultados de todos os artigos que iremos trazer aqui nesse blog, ademais quando o assunto é hipertrofia muscular os dois exercícios são eficazes nas condições que foram impostas. Não queremos trazer também aqui polêmicas, cabe a vocês analisarem e adequarem a realidade de cada aluno. 

Espero que tenham gostado, deixem seus comentários, sugestões na parte inferior da página, isso será de extrema valia para nós saber que vocês estão entendendo os assuntos. Até o próximo artigo.

Limitações do estudo

É sempre bom lembrar que apesar de serem evidências robustas, sempre haverá limitações, o que não significa que o estudo seja ruim, longe disso, é absolutamente normal disso acontecer. Primeiro, os nossos participantes eram homens e mulheres jovens e sem formação; assim, os resultados não podem necessariamente ser generalizados para outras populações, incluindo adolescentes, indivíduos mais velhos ou populações treinadas. Além disso, como a maioria dos estudos de treinamento, este estudo teve duração limitada.

Outra coisa que eles não analisaram, pelo menos não estavam dentro dos critérios de avaliação, foi como foram realizados os movimentos no que diz respeito a amplitude de movimento. 

Referências: 

Plotkin DL, Rodas MA, Vigotsky AD, McIntosh MC, Breeze E, Ubrik R, Robitzsch C, Agyin-Birikorang A, Mattingly ML, Michel JM, Kontos NJ, Frugé AD, Wilburn CM, Weimar WH, Bashir A, Beyers RJ, Henselmans M, Contreras BM, Roberts MD. Hip thrust and back squat training elicit similar gluteus muscle hypertrophy and transfer similarly to the deadlift. bioRxiv [Preprint]. 2023 Jul 5:2023.06.21.545949. doi: 10.1101/2023.06.21.545949. Update in: Front Physiol. 2023 Oct 09;14:1279170. PMID: 37461495; PMCID: PMC10349977.